ARZB participa das Convenções de Basiléia, Roterdã e Estocolmo
ARZB leva a voz da sociedade civil brasileira às COPs das Convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo em Genebra.
Entre os dias 28 de abril e 9 de maio de 2025, Genebra, na Suíça, sediou as Reuniões de 2025 das Conferências das Partes (COPs) das Convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo, marcos internacionais para a regulação do comércio e da gestão ambientalmente adequada de resíduos perigosos e produtos químicos. Com o tema “Tornar visível o invisível: gestão racional de produtos químicos e resíduos”, o encontro reuniu representantes de governos, agências multilaterais e sociedade civil de todo o mundo.
Representando o comitê gestor da Aliança Resíduo Zero Brasil (ARZB), o engenheiro químico Rafael Eudes participou ativamente das negociações, levando a perspectiva brasileira e latino-americana para os debates. Entre os tópicos em destaque estiveram o controle dos resíduos plásticos, a ampliação da lista de substâncias químicas sujeitas à notificação prévia na Convenção de Roterdã e o fortalecimento da cooperação internacional para apoiar países em desenvolvimento.
Rafael também concedeu uma entrevista ao GEF – Global Environment Facility, um dos principais mecanismos de financiamento para a implementação das convenções ambientais. Na conversa, ele compartilhou sua trajetória, os desafios enfrentados e suas esperanças para um futuro mais justo e sustentável.
“Entrei nessa área pela junção da curiosidade acadêmica com um forte senso de justiça ambiental. A ciência pode e deve influenciar políticas públicas, especialmente quando impacta diretamente comunidades vulneráveis e ecossistemas inteiros”, afirmou Rafael, destacando sua atuação em tratados internacionais, produção de relatórios sobre resíduos plásticos no Brasil e promoção de alternativas sustentáveis à incineração.
Durante as sessões formais das COPs, Rafael também realizou uma intervenção contundente em nome da rede IPEN – International Pollutants Elimination Network. Em sua fala, manifestou forte oposição à proposta CRP 2 de alteração da Regra 16 da Convenção de Roterdã, que poderia fragilizar os mecanismos de transparência e proteção previstos no tratado:
“A proposta não apenas mina a integridade da Convenção de Roterdã, como incentiva o bloqueio injustificado da listagem de substâncias perigosas. Sem essa listagem, países, especialmente os em desenvolvimento, ficam no escuro quanto aos riscos de substâncias que entram em seus territórios.”
Rafael criticou o uso do consenso como instrumento de veto, alertando para os riscos da captura corporativa e do enfraquecimento da governança ambiental internacional.
Apesar dos desafios, ele também compartilhou em sua entrevista ao GEF, o que lhe dá esperança: a mobilização coletiva, o protagonismo crescente dos países do Sul Global e o engajamento da juventude.
“A transformação começa localmente, com quem sente na pele os impactos da crise ambiental. Ver jovens lideranças, como uma colega da Indonésia que atua contra a poluição plástica, me lembra que mudanças reais não precisam vir de cima para baixo.”
Ao final, deixou uma mensagem aos jovens interessados em atuar pela causa ambiental:
“Comece onde você está. Encontre o ponto de encontro entre sua paixão e sua habilidade. E, acima de tudo, não subestime o poder da sua voz.”
A presença da ARZB neste espaço decisório internacional reafirma o nosso compromisso em conectar a realidade brasileira às negociações globais, defendendo políticas públicas baseadas na justiça, na ciência e na proteção da saúde humana e do meio ambiente.
Autora: Thamara Santos de Almeida. Revisão: Rafael Eudes.
Foto de capa: BRS Conventions/Kiara Worth.