Itália aprova lei contra desperdício de comida e espera economizar 12 bilhões de euros por ano

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Crédito: Creative commons/Daniel Julià Lundgren

O objetivo é poupar 1 milhão de toneladas de comida por ano e distribuí-la para a caridade 

Um projeto de lei contra o desperdício alimentar foi aprovado no Senado italiano no dia 2 de agosto. O objetivo é poupar 1 milhão de toneladas de comida por ano. Isso significa uma economia de cerca de 12 bilhões de euros anualmente, ou seja, o equivalente a 1% do PIB do país. Cada italiano joga no lixo, em média, 76 quilos de alimentos por ano, segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Cultivadores Diretos (Coldiretti) . “É um dado inaceitável”, ressalta o ministro da Agricultura, Maurizio Martina, em entrevista à agência Ansa.

Mas o que fazer com a comida que seria desperdiçada? O plano dos italianos é promover a doação desses alimentos para setores mais vulneráveis da população. Hoje a taxa de desemprego no país está em 20% e milhões de pessoas vivem na pobreza.

E quais alimentos poderiam ser doados? Há alguns pré-requisitos: os que mantiverem os padrões de segurança e higiene mas que por algum motivo não forem vendidos, os que tiverem com o prazo de validade para vencer, e aqueles que não foram colocados no comércio por erro no rótulo.

Restaurantes e supermercados que desejarem ceder seus excedentes à caridade devem apresentar uma declaração cinco dias antes. Também terão incentivos fiscais e descontos em impostos para doarem comida e remédios. Já os agricultores poderão dar o que não for vendido para instituições beneficentes, sem incorrer em custos adicionais.

O ministro explicou para a agência Ansa que o projeto se trata de uma herança da Exposição Universal de Milão, realizada em 2015, cujo tema foi “Alimentando o Planeta, energia para a Vida”.

A França também aprovou, recentemente, uma lei que proíbe o desperdício de alimentos, mas é mais severa do que a legislação italiana, pois prevê punições para os responsáveis. Os donos de estabelecimentos com mais de 400 m², por exemplo, são obrigados a assinar contratos de doação com instituições beneficentes, do contrário podem pagar multas em até 75 mil euros e ter uma pena de dois anos de prisão.

Esse problema não é só da Itália e da França. Segundos dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de um terço da comida produzida em todo o mundo é desperdiçada e este número sobe para os 40% no caso da Europa. Todos esses alimentos jogados fora poderiam alimentar cerca de 200 milhões de pessoas.

O desperdício de alimentos deve ser evitado ao máximo, já que a produção consome muitos recursos do ambiente. E a redução do desperdício deve ser buscada não somente no consumo final, mas também nas etapas de plantio, armazenagem, processamento e distribuição de alimentos. Cada consumidor pode fazer a sua parte, com pequenas mudanças em suas práticas cotidianas. Adotar como critérios para a compra não só o preço, mas também a qualidade, a origem, as informações sobre os impactos sociais e ambientais causados pela empresa fabricante, pode trazer grandes benefícios para sua saúde, para a sociedade e para o meio ambiente. E nunca jogar comida no lixo, mas procurar reaproveitar as sobras em outras receitas saudáveis ou doá-las

Imagem: Akatu

Fonte: Akatu

PNUMA lança coalizão para inspirar ações de redução do desperdício global de alimentos

A iniciativa Campeões 12.3 envolve líderes de todos os setores para criar um movimento político, social e de negócios que ajude a cortar o desperdício pela metade até 2030.

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A iniciativa Campeões 12.3 busca inspirar ações ambiciosas visando a redução da perda e do desperdício de alimentos no mundo. Foto: Flickr/Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (cc)

Uma coalizão formada por 30 líderes internacionais lançou nesta quinta-feira (21) a iniciativa Campeões 12.3 durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, para inspirar ações ambiciosas visando a redução da perda e do desperdício de alimentos no mundo.

O nome do grupo é uma referência à meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que busca reduzir o problema pela metade até 2030. A coalizão será copresidida pelo diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, e pelo diretor executivo do Grupo Tesco, Dave Lewis.

“Nós desperdiçamos cerca de um terço da comida produzida todos os anos. É por isso que eu dou as boas-vindas para essa abordagem proativa e colaborativa”, disse Steiner.

A Iniciativa ‘Pensar-Comer-Conservar’, do PNUMA em parceria com a Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) aumenta a conscientização e promove política e práticas para reduzir o desperdício de alimentos. O chefe do PNUMA lembrou, no entanto, que para essa meta ser alcançada é necessário criar uma importante base de informações sobre os padrões de produção e o consumo nos dias de hoje.

O diretor executivo ainda encorajou todos os Campeões a contribuírem com a medição do desperdício de comida em seus países e organizações de forma a contribuir para alcançar a meta dos dos ODS, “algo fundamental para a segurança alimentar e o combate à fome, bem como para a mudança climática”, completou Steiner.

Reduzir a perda e o desperdício de alimentos pode ser uma vitória tripla: pode fazer com que os produtores, as empresas e os consumidores economizem dinheiro; pode aliviar a fome ao redor do mundo e mitigar os impactos no clima e nos recursos naturais, como a água.

A Campeões 12.3 inclui presidentes de grandes empresas, ministros de Estados, executivos de pesquisas, instituições intergovernamentais, fundações, organizações de produtores e grupos da sociedade civil. Esses líderes trabalharão para criar um movimento político, social e de negócios para reduzir a perda e o desperdício de alimentos ao redor do mundo.

Fonte: Nações Unidas no Brasil