Carta aberta sobre a ameaça de desmonte da Educação Ambiental em SP

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Leia na íntegra a carta que faz alerta sobre o possível desmonte da Educação Ambiental no Estado de São Paulo

O Instituto Pólis considera a educação ambiental uma ação transversal a qualquer política que envolva o meio ambiente. Por isso, apoia os fundamentos e a luta proposta pela carta feita pela Associação dos Especialistas Ambientais do Estado de São Paulo e os Executivos Públicos Associados do Estado de São Paulo. Leia abaixo a carta na íntegra:

“A Associação dos Especialistas Ambientais do Estado de São Paulo – AEAESP e os Executivos Públicos Associados do Estado de São Paulo – EPAESP vêm a público manifestar preocupação com a ameaça de desmonte da Educação Ambiental no Estado de São Paulo e, em última análise, da Política Ambiental no Estado.

Em anúncio realizado pelo Secretário Adjunto da SMA, em 24 de agosto de 2016, foi manifestada a intenção de remanejar o corpo técnico da Coordenadoria de Educação Ambiental – CEA para a Coordenadoria de Fiscalização Ambiental e CETESB, a fim de contemplar as demandas e prioridades estabelecidas pela atual gestão do Secretário do Meio Ambiente, Sr. Ricardo Salles: fiscalização e licenciamento.

A forma abrupta e premente como o anúncio foi realizado; a falta de orientações para os funcionários sobre os possíveis impactos dessas mudanças nos seus direitos, benefícios e no desenvolvimento na carreira; além da demonstração de uma iminente redução da complexa agenda ambiental existente no Sistema Ambiental Paulista a uma única perspectiva de comando e controle, bem como a falta de informações sobre a continuidade dos trabalhos desenvolvidos pela CEA e sobre a efetivação de suas atribuições legais; reforçam a apreensão sobre os riscos de enfraquecimento do quadro técnico da secretaria e de uma possível desestruturação e desarticulação das políticas ambientais em vigor na Pasta.  

Promover a Educação Ambiental e a conscientização pública para a preservação, conservação e recuperação do meio ambiente, assegurada a participação da coletividade, é dever do Poder Público, instituído pelas Constituições Federal e Estadual e pelas Políticas Nacional e Estadual de Educação Ambiental. No Estado de São Paulo e na estrutura do Sistema Ambiental Paulista, esta obrigação está sob a responsabilidade da CEA, conforme Decreto nº 57.933/12.

A CEA é, portanto, o órgão que tem como principal atribuição promover a execução da Política Estadual de Educação Ambiental (Lei nº 12.780/2007), tendo o papel fundamental de integrar e articular as políticas públicas para a educação ambiental no Estado.

Atualmente, as ações da CEA envolvem, entre outras: a elaboração e coordenação do Programa Estadual de Educação Ambiental na Gestão de Resíduos Sólidos; a articulação para implementação de ações no Plano de Trabalho Integrado com a Fundação Florestal, voltado às unidades de conservação, conselhos e capacitação de gestores de UC; o apoio aos municípios para o desenvolvimento de diretrizes e ações de educação ambiental; a Comissão Permanente de Educação Ambiental, com a participação de todos os órgãos do Sistema Ambiental Paulista, a articulação com os Comitês de Bacia Hidrográficas, sendo, ainda, agente técnico do FEHIDRO para análise de projetos de educação ambiental custeados com recursos do fundo; além do atendimento contínuo ao público, com informações, orientações e doações de publicações na área ambiental.

No último ano, a CEA retomou o processo para regulamentação da Política Estadual de Educação Ambiental, com vistas a: instituir o órgão gestor da Política, a ser compartilhado entre a SMA e a Secretaria de Estado da Educação; criar uma Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, com a participação da sociedade civil; e discutir a implementação de um Programa Estadual de Educação Ambiental.

É importante lembrar que o restabelecimento da Educação Ambiental com status de Coordenadoria na SMA, em 2008, foi fruto de conquistas históricas no âmbito do Sistema Ambiental, referendadas pela luta de um movimento de participação e envolvimento da sociedade civil e do poder público para construir uma política pública de educação no Estado. Abrir mão deste processo é um retrocesso e representa a falta de compreensão sobre a importância da educação ambiental em um sistema de meio ambiente sério e legítimo, enfraquecendo ou podendo inviabilizar suas ações.

O cenário que se desenha sob a atual gestão da Secretaria, a partir deste episódio, nos coloca em situação de alerta e suspeita sobre os rumos que serão dados à Política Ambiental no Estado de São Paulo e, ainda, nos direciona a observar estas ações sob a ótica dos princípios da administração pública, como a legalidade, a moralidade, a razoabilidade, a continuidade e o interesse público.

A AEAESP e a EPAESP, neste sentido, contam com a mobilização e o apoio de toda a coletividade e estão empenhadas para que os direitos dos servidores públicos sejam garantidos e as conquistas da sociedade para a construção coletiva do direito ao meio ambiente sadio sejam pautadas por valores democráticos e éticos, em salvaguarda da justiça ambiental e da transparência no trato da coisa pública.”

Fonte: Instituto Polis

Polo da ARZB realizará Seminário sobre Resíduos e Economia Solidária

Prezados Aliados/as Resíduo Zero,

Nesta sexta-feira (02/09) acontecerá o Seminário “Resíduos em Foco”, realizado pelo Fórum da Cidadania de Santos (Polo da ARZB em Santos) e pelo Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista.

O evento será realizado das 10h às 18h no Sesc de Santos.

Veja a programação abaixo.

Pedimos que levem suas canecas em consonância com o conceito Resíduo Zero.

Esperamos contar com a presença de todos neste evento.

Convite seminário Resíduos em Foco 2-09 Programação do Seminário de Resíduos Sólidos 2-09 - Imagem

Jovens têm Encontro com a Sustentabilidade Planetária e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

IMG_4785Organizado pelo Programa Jovem Monitor/a Cultural em parceria com a Aliança Resíduo Zero Brasil ocorreu no último dia 22 mais um encontro de formação de 130 jovens com o tema sustentabilidade planetária, águas, consumismo e os impactos na vida contemporânea.

Durante o período da manhã os jovens participaram da apresentação do panorama geral sobre sustentabilidade e a relação com a geração de resíduos sólidos, apresentado por Nina Orlow e Clauber Leite, representantes de Aliança Resíduo Zero Brasil.

Nina Orlow apresentou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), falou sobre a capacidade dos seres humanos de gerenciar os recursos naturais do nosso planeta, da desigualdade na distribuição deles, do consumo e descarte dos produtos gerados. Destacou a prioridade número um em relação aos resíduos, o não gerar, pontuando a mudança de comportamento e de cultura do consumo para se atingir esta meta. Clauber Leite apresentou cada um dos 17 ODS e focou no Objetivo 12 (Consumo e Produção Responsável), relacionando o desperdício de alimento, uso eficiente dos recursos naturais e manejo adequado dos resíduos químicos. No debate, Elisabeth Grimberg respondeu a questionamentos feitos pelos jovens sobre o padrão perdulário de produção, colocando o desafio da ARZB em formular propostas para a elaboração de uma Política Nacional de Produção Durável.

Caio Ferraz, diretor da websérie “Volume Vivo”, apresentou o capítulo “Água de dentro”, que “expõe as possíveis consequências de uma gestão de recursos hídricos que tem como lógica buscar água cada vez mais longe, ao mesmo tempo que negligencia as fontes de água próximas”. Para Ferraz, meio ambiente e cultura não podem ser separados, pois tudo é produção cultural, assim como o consumo. Durante o debate, foram levantados assuntos como o consumo excessivo de água pelas indústrias, a água e a natureza como um produto, a situação atual das obras para abastecimento de água da capital paulista e as garantias de acesso à água potável e ao tratamento de esgoto.

Jovens no Pátio de Compostagem da Lapa
Jovens no Pátio de Compostagem da Lapa

Foram feitas visitas técnicas a dois espaços de processamento de resíduos sólidos domiciliares: um grupo de jovens

visitou o Pátio de Compostagem da Lapa e aprenderam sobre a compostagem com leiras e com minhocas, recebendo amostras do composto gerado no Pátio. Foi montada uma composteira para o aprendizado concreto neste local. Outro grupo foi conhecer a Cooperativa CooperVivaBem, onde tiveram a oportunidade de entender a estrutura do trabalho e os processos de classificação e pre-beneficiamento dos materiais processados, assim como as condições e organização do trabalho dos cooperados. Os jovens foram acompanhados por representantes da Aliança Resíduo Zero Brasil e da equipe do Programa Jovem Monitor Cultural.

ODS avançam para o atendimento do conceito Resíduo Zero

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No último dia 04 representantes da ARZB se reuniram com Maria do Carmo Rebouças e Inalda Beder do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que trabalham com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O objetivo do encontro era apresentar às representantes do PNUD o conceito Resíduo Zero para a adesão deste às agendas das suas ações. Não se pode falar de resíduos sem relacionar com os Objetivos pois isto impacta a saúde, mudança de cultura, na economia. A ideia é conhecer mais sobre o conceito, se apropriar disso, para implementá-lo nas conversas interinstitucionais, prefeituras e consórcios com os estados, e como levar para os âmbitos de participação social, como a sociedade se apropria deste tema na questão de reivindicação de direitos. E no o setor privado a meta seria ir além da responsabilidade socioambiental, para implantar uma mudança na cultura da empresa, e começar um diálogo como organismo internacional e colocar estas discussões em documentos e levar para dentro do Pacto Global, falar disso com o Estado no sentido de fiscalização e regulação.

Quando se pensa nos 17 ODS vemos uma gama muito grande de metas, e mesmo assim os resíduos estão envolvidos em muitas delas, pois é uma questão crucial pensar em como se retira a matéria prima, se transporta, se produz o que será consumido. A ARZB atua em várias frentes que vão ao encontro dos ODS.

Itália aprova lei contra desperdício de comida e espera economizar 12 bilhões de euros por ano

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Crédito: Creative commons/Daniel Julià Lundgren

O objetivo é poupar 1 milhão de toneladas de comida por ano e distribuí-la para a caridade 

Um projeto de lei contra o desperdício alimentar foi aprovado no Senado italiano no dia 2 de agosto. O objetivo é poupar 1 milhão de toneladas de comida por ano. Isso significa uma economia de cerca de 12 bilhões de euros anualmente, ou seja, o equivalente a 1% do PIB do país. Cada italiano joga no lixo, em média, 76 quilos de alimentos por ano, segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Cultivadores Diretos (Coldiretti) . “É um dado inaceitável”, ressalta o ministro da Agricultura, Maurizio Martina, em entrevista à agência Ansa.

Mas o que fazer com a comida que seria desperdiçada? O plano dos italianos é promover a doação desses alimentos para setores mais vulneráveis da população. Hoje a taxa de desemprego no país está em 20% e milhões de pessoas vivem na pobreza.

E quais alimentos poderiam ser doados? Há alguns pré-requisitos: os que mantiverem os padrões de segurança e higiene mas que por algum motivo não forem vendidos, os que tiverem com o prazo de validade para vencer, e aqueles que não foram colocados no comércio por erro no rótulo.

Restaurantes e supermercados que desejarem ceder seus excedentes à caridade devem apresentar uma declaração cinco dias antes. Também terão incentivos fiscais e descontos em impostos para doarem comida e remédios. Já os agricultores poderão dar o que não for vendido para instituições beneficentes, sem incorrer em custos adicionais.

O ministro explicou para a agência Ansa que o projeto se trata de uma herança da Exposição Universal de Milão, realizada em 2015, cujo tema foi “Alimentando o Planeta, energia para a Vida”.

A França também aprovou, recentemente, uma lei que proíbe o desperdício de alimentos, mas é mais severa do que a legislação italiana, pois prevê punições para os responsáveis. Os donos de estabelecimentos com mais de 400 m², por exemplo, são obrigados a assinar contratos de doação com instituições beneficentes, do contrário podem pagar multas em até 75 mil euros e ter uma pena de dois anos de prisão.

Esse problema não é só da Itália e da França. Segundos dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de um terço da comida produzida em todo o mundo é desperdiçada e este número sobe para os 40% no caso da Europa. Todos esses alimentos jogados fora poderiam alimentar cerca de 200 milhões de pessoas.

O desperdício de alimentos deve ser evitado ao máximo, já que a produção consome muitos recursos do ambiente. E a redução do desperdício deve ser buscada não somente no consumo final, mas também nas etapas de plantio, armazenagem, processamento e distribuição de alimentos. Cada consumidor pode fazer a sua parte, com pequenas mudanças em suas práticas cotidianas. Adotar como critérios para a compra não só o preço, mas também a qualidade, a origem, as informações sobre os impactos sociais e ambientais causados pela empresa fabricante, pode trazer grandes benefícios para sua saúde, para a sociedade e para o meio ambiente. E nunca jogar comida no lixo, mas procurar reaproveitar as sobras em outras receitas saudáveis ou doá-las

Imagem: Akatu

Fonte: Akatu

MIEMBROS DE GAIA VISITAN FILIPINAS PARA PROFUNDIZAR EN ESTRATEGIAS DE TRABAJO EN TORNO A PLÁSTICOS

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Foto de Zero Waste Europe

Tres miembros de GAIA de la región visitaron localidades dramáticamente afectadas por la polución por plásticos en Filipinas, en el marco de un encuentro que tuvo por objetivo alinear estrategias de trabajo en torno a la descontrolada producción de plásticos y los precarios sistemas de gestión para su recogida y tratamiento en el mundo, los que generan dramáticos niveles de contaminación particularmente en los mares.

Los participantes pertenecen a países con grandes superficies costeras y esperan volver a sus territorios con nuevas ideas y planes de acción para concretar en el marco de sus articulaciones nacionales. En la actividad en Filipinas participaron Mirko Moskat de la Coalición Argentina Anti Incineración, Patricia Blauth de la Alianza Residuo Zero Brasil y de Maud Biggs, de Fundación El Arbol, organización que es parte de la Alianza Basura Cero Chile y que desarrolla hace dos años un proyecto con comunidades de pescadores trabajando el problema de contaminación por redes de pesca.

Como señala la Alianza Residuo Cero de Brasil, pocos imaginamos que la cantidad visible de plásticos en los océanos representa en realidad apenas un 5% del plástico que termina en el mar: cerca de 8 millones de toneladas cada año. Esta contaminación afecta hoy a por lo menos 600 especies de organismos marinos y a través de la cadena alimentaria ya está llegando al ser humano. Y no olvidemos que el 90% de los plásticos provienen de combustibles fósiles, representando cerca del 8% del consumo mundial de petróleo. Así, la industria plástica podría ser responsable del 15% de las emisiones globales de carbono en 2050.

¿Qué opinaron los participantes?

Maud, de Chile: “me impresionó la vasta experiencia en cuanto al trabajo con recicladores de base, campañas comunicacionales ampliadas, y el nivel de las investigaciones sobre el plástico que se están desarrollando. Nuestra participación nos genera el desafío de sumar a una lucha contra los empaques de plástico, tema que no ha sido discutido en profundidad en nuestras propias redes, y a visibilizar el impacto de nuestros hábitos de consumo individual, en una realidad global donde se está afectando ecosistemas y personas.”

Mirko, de Argentina: “el encuentro nos sirve para conectarnos con otros países del sur global y unir esfuerzos para lograr buenas experiencias de Basura Cero en nuestros países y documentarlas. A la vez conocer de primera mano a quienes están trabajando sobre los impactos de los plásticos nos puede ayudar para darnos insumos y argumentos con el fin de continuar y expandir las iniciativas de reducción del uso de bolsas plásticas y empezar a desarrollar otras iniciativas de reducción.”

Patricia, de Brasil: “uno de los aspectos más positivos del encuentro fue el gran conocimiento de los participantes, que permitió tener discusiones profundas. El evento también levantó la necesidad de alinear visiones; establecer criterios para aclarar conceptos permitirá a la ARZB involucrar mejor a los municipios brasileros, estimulando prácticas de gestión local de residuos que sean ejemplares en todo el mundo”.

¡…Y OTROS ENCUENTROS! En el marco del largo viaje a Filipinas, los tres miembros de GAIA aprovecharon su escala para reunirse en Sao Paulo con representantes de la Alianza Residuo Cero de Brasil y compartir experiencias de organización y acciones.

 

Fonte: GAIA – Global Alliance for Incinerator Alternatives/ Global Anti-incinerator Alliance

Reciclagem popular, coleta seletiva e logística reversa

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Da esquerda para a direita: Carlos Henrique, Dr. Paulo Alvarenga, Djalma Gouveia, Davi Amorim, Eduardo Ferreira e Valquíria Cândido

Encontro na UMAPAZ contou com Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, autoridades públicas e especialistas em resíduos

No dia 4 de agosto, ocorreu o 3º Encontro do Ciclo de Diálogos Resíduo Zero, na UMAPAZ, que teve como tema “Resíduos sólidos e reciclagem popular: o movimento dos catadores na cidade de São Paulo”. No evento participaram Eduardo Ferreira, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e membro da Coopamare, a primeira cooperativa de catadores do Brasil, fundada em 1989, Valquíria Cândido, participante do Comitê de Catadores da Cidade de São Paulo, Carlos Henrique Oliveira, co-promotor da Aliança Resíduo Zero Brasil e consultor ambiental, Djalma Gouveia, representante da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana e Dr. Paulo Alvarenga, advogado da Defensoria Pública de São Paulo.

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Eduardo Ferreira apresentando o Movimento e a luta dos catadores de materiais recicláveis.

Segundo dados levantados pelo MNCR, de 800 mil catadores existentes no Brasil, apenas 85 mil são filiados ao Movimento, dos quais 70% são mulheres, sendo que a maioria desses associados e associadas estão situados na região sul/sudeste do país. Aproximadamente 90% dos catadores trabalham em ferros-velhos ou sucateiros, onde há exploração da mão-de-obra do catador, servidão por dívida e trabalho infantil. Segundo Eduardo Ferreira, reciclagem popular é fazer com que o serviço de coleta, triagem, enfardamento e industrialização dos materiais recicláveis sejam realizados pelos próprios catadores em suas organizações autogestionárias, o que, se amparado corretamente pelo poder público, colaboraria com a estruturação adequada do trabalho dos catadores. Isso está previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, porém muito ainda não se concretizou.

Na cidade São Paulo, o objetivo é chegar ao aterramento mínimo de resíduos orgânicos e recuperação máxima de resíduos sólidos, porém, como afirma Carlos Henrique, o caminho está sendo invertido, ocorre o aterramento máximo e a recuperação mínima. Isso esboça um quadro preocupante, visto que todos os dias, um habitante da cidade de São Paulo produz aproximadamente 1,5 kg de resíduos, do qual 86% poderia ter outro destino que não o aterro.

Outra abordagem levantada é a diferença na geração de resíduos dentro do aspecto social da cidade de São Paulo, na qual bairros onde se concentram maiores rendas geram mais resíduos do que aqueles de menor renda, “isso demanda e orienta métodos de comunicação e de coleta diferenciados”, afirma Carlos Henrique. De acordo com os dados levantados pelo Programa de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, essa diferença é tão grande que em Alto de Pinheiros a produção de resíduos diária por habitante chega a 1,75kg, enquanto na Cidade de Tiradentes, esse valor cai para 0,63kg.

Público no Auditório da UMAPAZ - Parque do Ibirapuera.
Público no Auditório da UMAPAZ – Parque do Ibirapuera.

O PGIRS prevê que até 2033 apenas cerca de 25% dos resíduos seja destinado aos aterros. Apresenta, inclusive, a proposta de contratação dos catadores pelos serviços prestados (coleta, triagem, educação ambiental, etc.) e a implantação do Programa Coleta Seletiva nas unidades municipais, também em parceria com as cooperativas.

Por fim, dentro da PNRS, está definida a responsabilidade estendida do produtor, também chamada de logística reversa, que responsabiliza indústrias e empresas por aquilo que elas produzem de resíduos sólidos. Para Dr. Paulo Alvarenga, “os produtores não podem fugir das responsabilidades”. O serviço prestado pelos catadores deve ser remunerado pelas empresas, visto que são elas as produtoras das embalagens e afins. Aquele que compra o produto não consome a embalagem, um dos motivos para estimular a compra a granel. Sendo assim, quando as empresas não se responsabilizam, os gastos com os resíduos sólidos acabam sendo direcionados para a municipalidade, afetando os cofres públicos. “A omissão do setor produtivo acaba caindo no poder público”, declara Djalma Gouveia.

Aliança Resíduo Zero quer coleta em três frações e faz campanha educativa

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‪#‎ResíduosSólidos‬ Educação ambiental e os desafios da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos são assunto na coluna de Mara Gama, na Folha de S.Paulo.
Com colaboração de membros da Aliança Resíduo Zero Brasil.

Leia a matéria na íntegra no site da Folha de São Paulo clicando aqui.

Gênio brasileiro e inventor da Fossa Biodigestora é desconhecido da população

O médico-veterinário e gênio brasileiro Antonio Pereira de Novaes é um ilustre desconhecido da população.

Novaes é o inventor da Fossa Séptica Biodigestora e do Clorador Embrapa, duas invenções de grande importância social e ambiental e, por isso, ganhou o prêmio Banco do Brasil de Tecnologia Social em 2003.

A genialidade de Novaes e sua importância para o país sem dúvida está na Fossa Séptica Biodigestora, inspirado em biodigestores de países asiáticos. Veja só: é uma tecnologia de baixo custo de instalação, fácil manutenção, promove o saneamento do excremento humano e, parece mentira, produz um ótimo adubo líquido. O ciclo completo.monica-laurito-fossa-séptica-biodigestora

Um exemplo acontece na Fazendinha Belo Horizonte, no Município de Jaboticabal (SP), onde o adubo orgânico gerado pela Fossa Séptica Biodigestora é utilizado para irrigar os 6.500 pés de noz macadâmia. O pomar produz anualmente cerca de 70 toneladas de macadâmia em casca, que são destinadas ao mercado brasileiro.

Um recente levantamento, coordenado pelo engenheiro civil da Embrapa Instrumentação, Carlos Renato Marmo, revelou que já foram implantadas mais de 11 mil unidades da Fossa Séptica Biodigestora.  A fossa foi adotada em mais de 250 municípios brasileiros, nas cinco regiões do País, gerando benefícios para 57 mil pessoas.

Simples e genial, podendo ser associada a outras tecnologias ambientais, como o Clorador e o Jardim Filtrante, a Fossa Séptica Biodigestora substitui as fossas negras, protegendo a saúde dos moradores do campo e sem a necessidade da construção de redes de esgoto, de custo astronômico. Ela também promove a proteção ambiental ao evitar que dejetos contaminem solo e corpos d’água. Para Marmo, a população beneficiada é muito maior do que as 57 mil, pois o saneamento básico apresenta impactos não só no campo como também nas cidades.

Outro estudo realizado pela pesquisadora da Embrapa, Cinthia Cabral da Costa, e pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Joaquim José Martins Guilhoto, demonstraram que a construção desse sistema de saneamento básico poderia reduzir, anualmente, cerca de 250 mortes e 5,5 milhões de infecções causadas por doenças diarreicas. Comprovaram também que cada R$1,00 investido na adoção dessa tecnologia poderia retornar para a economia R$4,69. Bingo!

O mais incrível é que esse tecnologia, embora criada com sustentabilidade, baixo custo, fácil aplicação e replicabilidade, possui um enorme potencial para adoção em todo o País. Dos 5.570 municípios do território nacional, apenas 4,45% adotaram as tecnologias sociais. O levantamento sinaliza que o acesso aos serviços de saneamento básico na área rural ainda é um dos principais desafios para vencer a crise sanitária que afeta a qualidade de vida e a saúde de milhares de pessoas no campo.  A tecnologia tem eficiência comprovada na biodigestão dos excrementos e na eliminação de agentes patogênicos.

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Antonio Pereira de Novaes (Arquivo Embrapa)

A montagem de um conjunto básico da tecnologia, projetado para uma residência com cinco moradores, é feita com três caixas d´água de 1.000 litros (fibrocimento, fibra de vidro, alvenaria, ou outro material que não deforme), tubos, conexões, válvulas e registros. A tubulação do vaso sanitário é desviada para a Fossa Séptica Biodigestora. As caixas devem ficar semienterradas no solo e a quantidade de caixas deve aumentar proporcionalmente ao número de pessoas na família.

É uma tecnologia também que dificulta a corrupção e o superfaturamento, já que tem interesse social e é de domínio público. A Embrapa apenas orienta a instalação e disponibiliza informações para a montagem, por meio de sua página na internet ou contatos via “Fale conosco” da Embrapa.

O gênio brasileiro Antonio Pereira de Novaes trabalhou durante 30 na Embrapa. Além de médico veterinário e pesquisador, foi também violonista, mestre de banda, compositor de dobrados, entre outras atividades sociais. Ele poderia ter recebido em vida as honras de suas invenções, mas morreu em 2011 e quem sabe se faça ainda jus à herança que deixou aos brasileiros.

 

Fonte: Carta Campinas