Surgido nos anos 70, Resíduo Zero é um conceito inspirado nos ciclos naturais de vida, eficientes e sustentáveis, em que tudo é transformado em outros recursos, sem desperdício e sobras.
Adotar o conceito Resíduo Zero significa:
minimizar os impactos no solo, na água, no ar e nos ecossistemas, em geral, que podem ser nocivos ou ameaçar a saúde planetária – animal e vegetal – e provocar irreversíveis alterações climáticas
projetar e gerenciar produtos e processos para reduzir o volume e a toxicidade dos resíduos e materiais
conservar e recuperar recursos naturais
não queimar ou enterrar resíduos
incentivar o consumo de produtos e serviços com o conceito Resíduo Zero.
Estratégia
Uma estratégia Resíduo Zero é essencial a uma economia eficiente no uso de recursos e inclusiva, respeitando a diversidade dos ecossistemas e aumentando a coesão social. Isto é possível por:
criar muitos postos de trabalho
fechar o ciclo de materiais
devolver nutrientes para o solo
reduzir o impacto ambiental do descarte de resíduos
incentiva a inovação em design de produto e
aumentar a participação dos cidadãos para a construção de cidades mais sustentáveis.
Economia circular
Finalmente, uma economia circular pode integrar os catadores de recicláveis como atores centrais no sistema de gestão e abrir iniciativas relativas à reutilização e reciclagem de materiais.
Resíduo Zero é, ao mesmo tempo, uma estratégia e um conjunto de ferramentas para eliminar o desperdício ao invés de apenas gerenciá-lo. Incorporar o conceito Resíduo Zero implica também mudança de cultura, baseada na maior compreensão das relações entre produção, consumo e valorização dos recursos naturais. E para que as ações sejam concebidas e implementadas de forma coerente, são necessários programas e projetos, tais como campanhas educativas públicas e privadas.
Entre os dias 21 e 22 de agosto aconteceu em Campo Grande (MS) o 1º Simpósio de Políticas Sustentáveis e Educação Ambiental. O evento, realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), reuniu cerca de 300 pessoas interessadas em se aprofundar e discutir sobre os desafios do manejo de resíduos sólidos urbanos. Elisabeth Grimberg, coordenadora da área de resíduos sólidos do Instituto Pólis, fez a palestra magna na abertura do evento.
“O encontro teve um caráter de formação para uma compreensão mais aprofundada dos avanços e desafios para a efetiva implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no país”, comenta Grimberg. Ela ressalta que os debates foram de alto nível e revelaram um público muito interessado e comprometido com o assunto.
A ocasião permitiu uma discussão mais qualificada sobre o conceito de “resíduo zero”, de grande importância para fazer avançar um padrão de produção e consumo sustentável e mais amigável ao meio ambiente. Para atingi-lo, é necessária a adoção de sistemas de tratamento como compostagem ou biodigestão para os resíduos orgânicos e reciclagem de embalagens recicláveis – o que recuperaria 90% dos resíduos domiciliares. Outro tema que teve espaço nos debates foi a integração de catadores e suas cooperativas nos sistemas públicos de recuperação resíduos sólidos. Neste sentido, também tratou-se do papel do setor produtivo quanto à logística reversa das embalagens e produtos pós consumo – fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes – na responsabilidade compartilhada pela gestão dos resíduos. Estes devem investir na infraestrutura de coleta dos recicláveis, assim como no custeio e manutenção de sua operação.
O Simpósio aconteceu no Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande e também contou com oficinas temáticas sobre coleta seletiva em três tipos, não geração e redução de resíduos, educação ambiental, logística reversa e valorização das cooperativas de catadores.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu em seu artigo 9º que a prioridade é para compostar e reciclar. Enviar compostaveis e recilaveis para o aterro , segundo a PNRS (antes do adiamento) nao era permitido.
E diversos estudos convergem para a rota da reciclagem como a melhor rota para redução do uso de recursos naturais, das emissões de GEE e maior economia de energia. A captacao de GEE em aterros sanitarios na America do Sul eh pouco eficaz, deixando escapar a maior parte do GEE para a atmosfera.
Estudo realizado para a Comunidade Europeia sobre rotas tecnológicas para a gestão de lixo e mudanças climáticas concluiu que a segregação de resíduos sólidos urbanos na fonte, seguida de reciclagem (para papel, metais, têxteis e plásticos) e compostagem/digestão anaeróbia (para resíduos úmidos) resulta no menor fluxo líquido de gases de efeito estufa em comparação com outras formas de tratamento de resíduos sólidos urbanos (SMITH, 2001).
Outro estudo realizado pelo Ministério das Minas e Energias sobre o aproveitamento energético dos resíduos sólidos de Campo Grande – MS (MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA / EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2008) concluiu que a reciclagem dos resíduos secos combinada à digestão anaeróbia dos resíduos úmidos é superior à da reciclagem associada ao aproveitamento de gás de aterro e este, por sua vez, é superior à da reciclagem associada à incineração.
Estudos desenvolvidos pela Agencia de Proteção Ambiental dos EUA confirmam estas informações, analisando comparativamente a economia de energia decorrente da adoção de uma ou outra opção de gerenciamento de resíduos. A análise é feita com consideração de todo o conjunto de energias aplicadas aos produtos, da extração da matéria prima aos diversos momentos de transporte, do consumo de combustível fóssil à eletricidade e à própria energia inerente aos materiais.
Ressalvado que os melhores resultados são sempre obtidos com a opção de redução da geração dos resíduos na fonte, a EPA demonstra que a rota da reciclagem, comparativamente à rota da incineração, permite uma maior conservação de energia líquida para a maioria dos materiais: plásticos em geral (8 vezes maior), plástico PET (15 vezes maior), papelão (7 vezes maior), jornais (6 vezes maior), carpetes (22 vezes maior) (CHOATE A, 2012).
Estudo conduzido no Reino Unido, a partir da análise do ciclo de vida dos materiais, chega também ao mesmo entendimento, a reciclagem de resíduos demanda maior energia que a prevenção, porém segue sendo melhor para o meio ambiente que a incineração com recuperação de energia (ENVIRONMENTAL BENEFITS OF RECYCLING, 2010).
A biodigestão de resíduos orgânicos apresenta a maior redução de emissão de GEE – em torno de quatro vezes mais – quando comparado à emissão de aterros e de incineradores; a mesma vantagem é observada no tocante à recuperação energética: a biodigestão apresenta menor recuperação energética na instalação mas um balanço energético superior quando comparado com a incineração (CLIMATE WORKS, 2012).
A compostagem apresenta, por sua vez, significativa diferença quanto às emissões de metano quando comparado aos valores do aterro sanitário, emitindo quantidade aproximadamente 10 vezes menor, segundo estudo realizado pela EMBRAPA (INACIO, 2010).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHOATE A, PEDERSON L, SCHARFENBERG J. Waste management and energy savings: benefits by the numbers. ICF Consulting, Washington DC. Henry Ferland, U.S. Environmental Protection Agency, Washington DC, 2012
CLIMATE WORKS; I&t; NRG; VIA PÚBICA. Estudo de alternativas de tratamento de Resíduos sólidos urbanos. Incinerador mass burn E biodigestor anaeróbio, 2012.
ENVIRONMENTAL BENEFITS OF RECYCLING – an international review of life cycle comparisons for key materials in the UK recycling sector.WRAP 2010
INACIO CT; BETTIO DB; MOMSEN MILLER PR. O papel da compostagem de resíduos orgânicos urbanos na mitigação de emissões de Metano. Embrapa Solos. Rio de Janeiro, RJ, 2010
SMITH A; BROWN K; OGILVIE S; RUSHTON K; BATES J. Waste management options and climate change. Final report to the European Commission, DG Environment. Alison Smith; Keith Brown; Steve Ogilvie; Kathryn Rushton; Judith Bates; July 2001; AEA Technology
Para frutas e vegetais, o simples fato de chegarem aos corredores dos supermercados é como ganhar o concurso de beleza mais difícil do mundo.
Na verdade, até 2,7 milhões de toneladas de produtos perfeitamente comestíveis são jogadas no lixo a cada ano nos EUA apenas por sua aparência, segundo um estudo do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, com sede no país.
Uma startup chamada Imperfect quer mudar tudo isso.
Criada em Oakland, Califórnia, neste verão americano, a empresa compra toda a produção com formato irregular, torta ou simplesmente com aparência estranha das fazendas da Califórnia e a entrega em residências na região da Baía de São Francisco por US$ 12 a caixa. “Trata-se de um grande modelo, pegar um subproduto — os fazendeiros literalmente o chamam de subproduto — e transformá-lo em um produto que as pessoas queiram comprar”, diz o CEO e cofundador da Imperfect, Ben Simon.
O próximo passo é expandir o negócio para as grandes lojas de varejo.
Em julho, a Imperfect lançou um programa piloto com a Raley’s, uma rede de supermercados com mais de 120 lojas no norte da Califórnia.
A produção feia pode custar a metade do preço de frutas e vegetais com “nível de mercado”.
A Raley’s disse que foi inspirada pela rede de mercados Intermarché, da França, que em 2014 começou a vender a produção feia com desconto. “O Canadá já tem dois mercados, a Austrália agora também tem alguns. O negócio realmente está decolando desde o ano passado”, diz Jordan Figueiredo, ativista que combate o desperdício de alimentos e criador da campanha @UglyFruitAndVeg nas redes sociais.
O Fórum da Cidadania de Santos passou a integrar à Aliança Resíduo Zero Brasil, no último dia 19 de agosto. A adesão ocorreu durante reunião ordinária da ARZB, realizada na sede do Instituto Pólis, em São Paulo. As organizações que integram a ARZB atuam em duas frentes: a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) e a criação de uma Política de Produção Durável e Reciclagem Garantida.
Ambas preveem amplo trabalho de educação ambiental e mobilização da comunidade, com o envolvimento de instituições de ensino de todos os níveis, públicas e privadas, dentre outros parceiros. Além disso, levam em conta a urgência da redução nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), em sinergia com a Política Nacional de Mudanças Climáticas, que reconhece a gestão sustentável de resíduos como estratégia de mitigação dos GEE.
Com 1 milhão e 700 mil habitantes, a Baixada Santista é uma região estratégica para avançar na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Um fator importante a ser considerado no cenário local é que o único aterro sanitário da região está com o esgotamento previsto para daqui a três anos.
A ARZB trabalha em rede para buscar soluções para que os municípios não aterrem ou incinerem os resíduos e sim utilizem soluções sustentáveis, como o sistema de biodigestão, que podem e devem ser compartilhadas regionalmente no caso da Baixada Santista.
ampliação dos sistemas públicos de coleta e reciclagem e avançar na implementação das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos que determina o aterro de somente 10% dos resíduos.
Célio Nori, coordenador do Fórum da Cidadania de Santos.
“A Baixada Santista é uma região ambientalmente crítica por vários motivos: a existência do porto, o completo industrial de Cubatão e o turismo são apenas algumas questões que afetam a qualidade do meio ambiente”, comenta Célio Nori, coordenador do Fórum da Cidadania de Santos. “É preciso que a sociedade civil dê resposta a tudo isso e busque caminhos em direção ao desenvolvimento sustentável, com uma agenda que enfatize o social e ambiental junto com o crescimento da região”, avaliou Célio.
De acordo com Elisabeth Grimberg, coordenadora do tema de resíduos sólidos do Instituto Pólis, o Fórum da Cidadania tem uma atuação ampla e com capacidade de incidir regionalmente. “Por exemplo, na mobilização e construção de um posicionamento contra o incinerador na Praia Grande. A entidade também teve um papel papel importante na articulação dos secretários de Meio Ambiente da Baixada Santista no Seminário Resíduos em Foco Baixada Santista, que aconteceu no dia 02 de junho, com realização do Fórum da Cidadania de Santos, Instituto Pólis e Aliança Resíduo Zero Brasil”, disse Elisabeth.
Sobre a Aliança Resíduo Zero Brasil
A ARZB é parte do movimento internacional Zero Waste, que busca promover o conceito, o debate e a divulgação de experiências voltadas à não destinação de resíduos para aterramento, tampouco para incineração. O Instituto Pólis é uma das entidades copromotoras e atual sede da secretaria executiva da ARZB.
O conceito
Surgido nos anos 70, Resíduo Zero é um conceito inspirado nos ciclos naturais de vida, eficientes e sustentáveis, em que tudo é transformado em outros recursos, sem desperdício e sobras.
Adotar o conceito Resíduo Zero significa minimizar os impactos no solo, na água, no ar e nos ecossistemas, em geral, que podem ser nocivos ou ameaçar a saúde planetária – animal e vegetal – e provocar irreversíveis alterações climáticas; projetar e gerenciar produtos e processos para reduzir o volume e a toxicidade dos resíduos e materiais; conservar e recuperar recursos naturais; não queimar ou enterrar resíduos; e incentivar o consumo de produtos e serviços com o conceito Resíduo Zero.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e Dilma Rousseff | Wilson Dias – Agência Brasil
CÍNTYA FEITOSA (OC)
Em declaração conjunta com a Alemanha, o governo brasileiro assumiu o compromisso de eliminar os gases de efeito estufa da economia global até 2100. Como antecipado pelo Observatório do Clima, o país é o primeiro fora do G7 – o grupo das nações mais ricas do mundo – a estabelecer uma meta de descarbonização da economia. O compromisso foi anunciado nesta quinta-feira, em ocasião da visita da chanceler alemã, Angela Merkel.
O Brasil também reafirmou o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares de florestas, medida que a presidente Dilma Rousseff já havia anunciado no seu encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em junho. O compromisso de zerar o desmatamento ilegal, também anunciado com Obama, foi aparentemente circunscrito à Amazônia, o que pode ser um recuo.
Dilma Rousseff afirmou que a declaração com a Alemanha reflete o compromisso brasileiro com o êxito da COP21, a conferência do clima das Nações Unidas, que será realizada no fim do ano, em Paris. “Se nós queremos evitar de fato que a temperatura aumente 2 graus, nosso compromisso com a descarbonização no horizonte de 2100 é algo muito importante e relevante para todo o planeta”, disse a presidente.
Ela destacou que o Brasil tem assumido compromissos voluntários em relação às mudanças climáticas e redução de emissões desde a COP15, realizada em 2009 em Copenhague.
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, considera positivo o aceno do Brasil a uma economia livre de combustíveis fósseis, mas o objetivo deveria ser alcançado antes de 2100. “Apesar dos sinais na direção correta, a declaração demonstra que o governo brasileiro ainda não entendeu a dimensão do desafio que a mudança climática representa”, afirmou. “Faltam ao país ambição e estratégia para lidar com o tema e clareza sobre aonde queremos chegar na resposta a esse desafio, resposta essa que pode trazer ganhos para a economia, para o bem-estar e para a segurança da população.”
Para Paulo Moutinho, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, organização integrante do Observatório do Clima), mesmo com o aparente recuo sobre o desmatamento ilegal, o texto apresentado nesta quinta-feira traz uma novidade sobre florestas: pela primeira vez, o governo está falando em compensar as emissões de carbono provenientes do desmatamento legal na maior floresta tropical do planeta, em vez de simplesmente propor desmatamento líquido zero. “É uma diferença importante, porque para compensar as emissões de um hectare desmatado na Amazônia é preciso restaurar pelo menos três hectares”, afirma.
Ficou de fora da declaração com a chanceler alemã a proposta de fixar um teto para as emissões do Brasil em 2030. No entanto, ainda é possível que o país adote a sugestão em sua INDC, a meta de redução de emissões que todos os países devem apresentar como contribuição ao acordo do clima de Paris. “No horizonte de 2030, o Brasil vai anunciar [seus compromissos] em setembro, na conferência da ONU para adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Dilma, fixando a data da divulgação – o encontro na ONU acontece em 24 de setembro.
Recursos para restauração de florestas e energias renováveis
Para a COP21, a declaração de Brasil e Alemanha pede ambição nas metas de redução de emissões dos países mais desenvolvidos e ressalta a necessidade de financiamento, por meio de recursos desses países aplicados no Fundo Verde do Clima, para mitigação e adaptação a mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. A Alemanha promete dobrar seus esforços de financiamento à mudança do clima até 2020, em comparação a 2014, medida elogiada pelo governo brasileiro.
Foram assinados acordos financeiros e de cooperação na ordem de 500 milhões de euros, entre financiamentos a juros baixos e doações para políticas de preservação e restauração florestal, uso da terra, cidades sustentáveis e políticas no setor energético. Ao Fundo Amazônia, serão destinados mais € 100 milhões.
O governo brasileiro reafirmou a sua intenção de ampliar para 20% a participação de fontes renováveis em sua matriz elétrica até 2030. A Alemanha, que pretende ampliar o uso dessas fontes em até 60% em 2035, se comprometeu a auxiliar o Brasil no setor com empréstimos de € 415 milhões e doação, em forma de apoio técnico, de € 4,5 milhões. Também há acordos de cooperação técnica para soluções de eficiência energética.
Demarcação de terras indígenas e agricultura de baixo carbono
A declaração conjunta comemora “os esforços brasileiros em demarcar terras indígenas” e os dois países “concordam quanto à necessidade e à disposição continuar a proteger os direitos originais dos povos indígenas em todo o Brasil”. De acordo com o Instituto Socioambiental, Dilma Rousseff foi a presidente que menos demarcou terras indígenas desde a redemocratização do país, em 1988.
Um dos itens da Agenda Brasil, proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, para melhorar a relação do Executivo com o Congresso Nacional, prevê a “revisão dos marcos jurídicos que regulam áreas indígenas, como forma de compatibilizá-las com as atividades produtivas”. O documento tem recebido críticas de lideranças indígenas e organizações da sociedade civil por colocar em risco o direito às terras.
O governo brasileiro também manifestou a intenção de fortalecer o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). No entanto, levantamento recente do Imaflora aponta que o orçamento do programa teve queda de 33%, mesmo que o montante destinado ao Plano Safra tenha crescido 17%. De acordo com a análise, o Plano ABC responde por apenas 1,6% de todo o financiamento para o setor agropecuário.
O Simpósio será realizado no dia 21/08, às 19 horas, no auditório Almir Sater, no Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Avenida Fernando Corrêa da Costa, nº 1800 / Divulgação
O foco é discutir sobre resíduos sólidos urbanos e seus desafios, compartilhar experiências, além da troca de saberes científicos e populares
Na próxima sexta-feira (21/08), a partir das 19 horas, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) realizará o 1º Simpósio Políticas Sustentáveis e Educação Ambiental. O objetivo é discutir a temática dos resíduos sólidos urbanos e seus desafios, compartilhando experiências, proporcionando debates e reflexões além da troca de saberes científicos e populares.
A palestra magna, na abertura do evento, com o tema “Política Nacional de Resíduos Sólidos e Resíduos Zero, Desafios e Perspectivas, será proferida pela coordenadora executiva e de ambiente urbano do Instituto Pólis de São Paulo, Maria Elizabeth Grimberg. A ministrante, com ampla experiência em resíduos sólidos urbanos, desenvolve em diversos municípios do Estado de São Paulo e em outras unidades federadas, um trabalho que aborda o previsto na legislação vigente e as possibilidades que as diversas instituições e entidades possuem para, de forma coletiva e organizada, exercerem ações práticas relacionadas à Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
Para o titular da Semadur, Valdir Gomes, o evento possibilitará ações reflexivas. ‘É uma oportunidade para que, a partir da reflexão coletiva, possa nascer uma união de esforços no sentido de encaminhamentos necessários ao setor dos resíduos sólidos’, conclui.
Já no sábado (22.08), a partir das 8 horas, estão previstas oficinas temáticas nos seguintes temas:
• A coleta seletiva em três tipos e destinações diferenciadas;
• A Educação Ambiental e os diversos atores responsáveis por programas e projetos de orientação e sensibilização da população;
• Logística reversa e a valorização das cooperativas de catadores no Sistema de Recuperação RSU.
As inscrições para as oficinas poderão ser feitas no local. O simpósio é uma realização da Prefeitura Municipal de Campo Grande, por intermédio da Semadur, Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Escola Municipal Prof. Fauze Scaff Gatass Filho com o apoio da CG Solurb e Frente Parlamentar Ambientalista.
Palestra de Maria Elisabeth Grimberg
Serviço – O simpósio será realizado no auditório Almir Sater, no Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Avenida Fernando Corrêa da Costa, nº 1800.
O Brasil corre o risco de ver a incineração de lixo se desenvolver no Brasil como alternativa a um tratamento adequado, apesar de onerosa e insustentável, difícil de ser justificada como tratamento ambientalmente adequado, além de impopular em todo o mundo.
O lobby de empresas multinacionais de equipamentos de incineração junto às Prefeituras por todo o Brasil tem causado estranhamento a sociedade civil organizada, que não vê chegar investimentos para os programas de coleta seletiva, mas assiste a cenas de demonstração do interesse dos administradores públicos em investir quantias milionárias em uma tecnologia atrasada, recheada de incertezas quanto a seus efeitos e benefícios econômicos.
– A incineração gera cinzas tóxicas e emissões tóxicas (dioxinas e furanos) monitoradas precariamente que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente;
– Provoca dívidas públicas gigantescas comprometidas por períodos de até quarenta anos junto as empresas incineradoras;
– É das alternativas de gestão de resíduos que mais gera gases de efeito estufa e a que mais desperdiça energia;
– É das alternativas de gestão que menos gera postos de trabalho e que compete com os catadores de materiais recicláveis pelos materiais recicláveis “secos”.
O não reaproveitamento dos resíduos sólidos significa inviabilizar toda uma cadeia produtiva que emprega milhares de pessoas e que ainda tem um grande potencial de crescimento. A exemplo da experiência nos EUA, enquanto um incinerador emprega um posto de trabalho, a mesma quantidade de dinheiro investida na reciclagem emprega 646 trabalhadores. A queima de resíduos significa, portanto, dar as costas a quem precisa de trabalho.
Além disso, a incineração de resíduos é apontada pela ONU como uma das principais fontes geradoras de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), que são danosos à saúde e ao meio ambiente. Não investir com toda a prioridade no reaproveitamento e na reciclagem e permitir a implantação de incineradores também significa deixar de lado um compromisso assumido pelo Brasil em 2001, quando assinou a Convenção de Estocolmo, tratado da Organização das Nações Unidas (ONU), que recomenda que o seu uso seja eliminado progressivamente.
Por essas e outras solicitamos que o PL 639/2015 seja retirado de tramitação imediatamente. O projeto esta apensado no PL 1739/2007, de autoria de Paulo Teixeira – PT/SP, Zezéu Ribeiro – PT/BA, Nilson Pinto – PSDB/PA, Pedro Wilson – PT/GO, Luis Carlos Heinze – PP/RS, Ricardo Izar – PTB/SP
Apenas 48% das casas brasileiras têm esgoto sanitário, segundo o Ministério das Cidades, e cerca de 30% dos municípios do país não têm nenhuma iniciativa de coleta seletiva, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Os números – comentados por especialistas durante o seminário de lançamento do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Brasil, promovido em 07/11, em São Paulo, pelo Observatório do Clima – deixam claro que a população do Brasil ainda sofre com a ausência de serviços básicos.
Na lista de desejos (e necessidades) dos brasileiros, a universalização do acesso ao serviço de saneamento básico e a destinação correta dos resíduos produzidos no país estão entre as primeiras posições. “Mas melhorar esses serviços implica em aumento considerável de emissões, o que exige estratégia do Brasil”, alerta Renato Morgado, pesquisador do Imaflora e um dos responsáveis pela produção daEstimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Brasil 2012 na área de resíduos sólidos.
Morgado revelou que o setor de resíduos ainda é o menos expressivo (3,2%) na matriz de emissões brasileiras, mas está aumentando sua participação. Entre 1990 e 2012, a liberação de gases de efeito estufa do setor cresceu 67%, passando de 29 MtCo2e para 46,9 MtCo2e. E a tendência é aumentar ainda mais.
Políticas como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano Nacional de Saneamento Básico instituem medidas importantíssimas para o país, mas provocam oaumento de emissões no setor de resíduos sólidos. Morgado explica por quê: “Os resíduos de um lixão têm potencial 1 de geração de GEE, enquanto um aterro sanitário, com melhores condições anaeróbicas, tem potencial 2,5. No tratamento de esgoto acontece o mesmo: quando os resíduos são jogados numa lagoa ou reator anaeróbico, eles produzem oito vezes mais metano do que se fossem despejados num rio qualquer”. (Leia também: Substituir lixões por aterros aumentará emissão de metano)
A solução? A melhoria dos serviços de saneamento e a destinação correta de resíduos têm que ser implantadas junto com políticas que estimulem a captação e o reaproveitamento desses gases poluentes para a geração de energia. “Até porque em ambientes mais propícios, como os aterros sanitários, a captação desses gases é bem mais fácil”, comenta Morgado. Segundo a Abrelpe, o Brasil tem potencial para produzir mais de 280 megawatts de energia a partir do biogás capturado em unidades de destinação de resíduos sólidos, o que daria para abastecer cerca de 1,5 milhão de pessoas.
MENOS PRODUÇÃO E CONSUMO
Convidado para debater o tema, Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe, lembra que ações para reduzir o consumo e incentivar a reciclagem também são fundamentais para diminuir as emissões do setor de resíduos. “A geração de lixo no Brasil está numa curva ascendente e tem relação com o aumento do poder aquisitivo das pessoas. Em 10 anos, a produção de resíduos cresceu 21%, enquanto a população aumentou 9,65%”, afirma Silva Filho, que completa: “Não é possível reduzir emissões sem reduzir o consumo”.
Juliana Simões Speranza, pesquisadora do Núcleo de Economia Socioambiental da FEA-USP, concorda e acredita que repensar as formas de produção também é importante. “Temos que desmaterializar a economia, o que significa diminuir a quantidade de materiais e resíduos na fonte. Quando o assunto é lixo, o conceito deresponsabilidade compartilhada no Brasil é muito forte e isso é positivo, mas às vezes tira o foco dos grandes players. As empresas têm o dever de rever sua forma de produção”, diz Speranza.